sábado, 13 de julho de 2019

RESENHA – QUARTO DE DESPEJO

Senhoras e senhores lhes apresento o diário de uma mulher que narra seus dias e noites morando na favela do Canindé – SP, na década de 50, e sua luta constante contra a fome e toda a miséria vivida juntamente com seus filhos e vizinhos, um diário de Carolina Maria de Jesus. 

“Quando estou na cidade tenho a impressão que estou na sala de visita com seus lustres e cristais, seus tapetes de viludos, almofadas de sitim. E quando estou na favela tenho a impressão que sou um objeto fora de uso, digno de estar num quarto de despejo.”

Minha opinião:
Para começo de resenha temos que levar em conta que não se trata de um livro fictício e muito menos de uma autora habitual. Os diários de Carolina foi um achado de um repórter, que estava na favela, para criar uma reportagem sobre o Canindé estar cada vez mais expandido, encontrando então a realidade vivenciada pelos seus moradores.
Antes mesmo dos relatos do diário se iniciar é apresentado uma nota ao leitor, informando que a edição respeita fielmente a linguagem da autora. No decorrer da leitura vamos percebendo alguns desvios da norma culta, porem essa estratégia em manter tais distanciamentos da gramática reflete a forma de Carolina enxergar e expressar seu mundo.  
Por ser uma obra tão realista, que nos mostra um tipo de vida que foge do meu conhecimento não sou capaz de julgar o que está escrito em cada página, em cada dia de fome de Carolina, nas misérias vividas por cada morador.
Mas tendo um olhar para a autora pude perceber como ela era de uma sabedoria tremenda, mesmo não possuindo estudo ou morando num “quarto de despejo”, mas ela sabia tudo o que estava acontecendo no Brasil, principalmente na política, nos mostrando o seu conhecimento de mundo. Assim como ela era a pacificadora na favela, em cada momento de discussão entre os moradores de Canindé lá estava Carolina para acertas as conta, de forma justa.
Por fim, este livro é um livro sem final, ele termina da mesma forma que começou! O que nos faz perceber que a vida de Carolina naquela situação não se encerra ali, mas que perdura por muitos e muitos anos, até ela conquistar um dinheiro através da publicação de seu livro e finalmente morar em uma casa de alvenaria.
Essa foi a minha opinião! A minha leitura diante deste livro, contudo, meus colegas tiveram outros olhares que vale a pena conhecer, justamente pela vivencia de cada um e que em breve trago a vocês!

"A vida é igual um livro. Só depois de ter lido é que sabemos o que encerra. E nós quando estamos no fim da vida é que sabemos como a nossa vida decorreu. A minha, até aqui, tem sido preta, Preta é a minha pele. Preto é o lugar onde eu moro."







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